As ameaças às florestas da região amazônica alertaram ambientalistas na Alemanha e sua preservação é vista como um teste para a possibilidade da sobrevivência da espécie humana na terra.

As florestas, que se encontram em grande parte no território brasileiro, dividido com Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia, são considerados o pulmão da Terra. Elas armazenam 33 a 44% do CO2 e tem funções importantes na circulação atmosférica, para o clima do continente e também para todo o globo terrestre.

A região é o maior reservatório de água doce e é atravessada pelo o maior rio do mundo, o rio Amazonas. A floresta é também uma bomba de água, que está bombeando água em microciclos entre um oceano e outro. E quando os microciclos são interrompidos pelo desmatamento, esse mecanismo não funciona, provocando mudanças nos ciclos de água. Desses ciclos dependem as chuvas em outras regiões do Brasil, mesmo até no sul e sudeste.

Além disso, cerca de 20% da biodiversidade global se encontram no território do Brasil, e uma grande parte dentro das florestas tropicais.

A Amazônia é habitada ainda por povos indígenas, que tem uma conexão forte com as florestas e as manejam já faz séculos de forma sustentável. São os guardiões dessas selvas e eles guardam conhecimentos sobre as características de plantas e animais, que são substanciais para o futuro da humanidade e a evolução da natureza.

Quando o presidente eleito Jair Bolsonaro anunciou que vai cumprir com a promessa eleitoral de entregar a Amazônia para os americanos, porque eles sabem explorar melhor, políticos e ativistas em todo o mundo ficaram em alerta. Eles temem, que logo vão ser liberadas as licenças para as empresas de mineração, com isso muitas comunidades indígenas seriam expulsadas das suas terras, nas quais se encontram os minerais valiosos e petróleo.

A valorização monetária da Amazônia não iniciou ontem, já faz séculos que as florestas são exploradas. É um milagre que ainda 80% estão intactas, e isso se deve em grande parte às comunidades indígenas, que juntos com organizações nacionais e internacionais lutam pela posse das terras e a sua sobrevivência.

Cada ano morrem dezenas de ativistas indígenas e as comunidades são dizimadas, e agora são ameaçadas pelo anuncio do presidente eleito de deixar mais nem 1 cm de terra para indígenas, o que deve incluir os quilombolas. Ativistas, que protestam, poderão ser presos conforme uma lei, que já foi votada no Senado esses dias.

No evento “Amazônia destruída, mudança climática agravada – o que as autoridades locais estão fazendo?”, realizado dia 1 de novembro em Berlim, Thomas Fatheuer, presidente da Cooperação Brasil-Alemanha KOBRA, abordou as ameaças da nova política para Amazônia, especialmente também do Nióbio, que desperta a cobiça de altas fortunas e se encontra abaixo das terras indígenas, que pertencem à união.

Mais de 200 pessoas participaram do evento realizado pela “Aliança Climática das cidades europeias com os povos das regiões de floresta tropical”, organizados na COICA. A Aliança conta com mais de 1700 municípios e regiões na Europa– entre estes desde 1991 também Berlim, e comprometeu-se a apoiar os povos indígenas na proteção da floresta tropical.

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Também a proposta de reunir o ministério do meio ambiente com o ministério da agricultura foi criticada no evento, mencionando que mesmo a bancada rural protestou, como seus representantes já previam o possível boicote dos países compradores. Para Fatheuer, essa junção seria mesmo pior que a saída do convênio de Paris, que não exige a implementação de medidas. Mesmo recuando do plano, o MMA deve ser enfraquecido, já iniciaram ataques ao IBAMA, que não deve mais emitir multas. As multas já não são pagas pelos ricos, como Bolsonaro mesmo, que foi multado em R$ 10.000 por pesca ilegal, mas foi até a última instância, aonde foi absolvido.

O ministério de infraestrutura deve ser entregue a Osvaldo Ferreira, um militar que era responsável pela BR-163 construída pela ditadura militar na Amazônia. Ele já anunciou, que quer voltar aos tempos, quando ninguém atrapalhava e se podia desmatar à vontade. Vai ficar uma situação contraditória a ser abordada quando Brasil for sediar a Conferência das Nações Unidas para mudanças climáticas, prevista para novembro de 2019.

Agora em setembro já foi constatado um aumento de 84% no desmatamento, comparando os dados de setembro 2017 com o mesmo mês desse ano. Ameaças são também as hidrelétricas, com a Belo Monte, construída pelos governos do PT, que considerava o meio ambiente como fonte de recursos para o desenvolvimento social.

                Exposição sobre Amazônia alerta para aos efeitos da exploração de óleo de palma, ouro e bauxita para a floresta.

No final do evento também teve um alerta, que a Alemanha tem um papel fundamental nessa eleição, como o país que mais importa soja do Brasil, a cada ano cerca de 6 a 7 milhões de toneladas de soja do Brasil para alimentar 12 milhões de bovinos, 27 milhões de porcos e cerca de 177 milhões de frangos. A carne produzida excede em muito o consumo no país, assim que uma grande parte é exportada para África, aonde provoca outros problemas como a destruição dos mercados locais.

Na exposição sobre Amazônia, que foi aberta no evento, se denunciava o conjunto de mineração, aumento de pastos e do cultivo de soja, extração de madeira e petróleo, e agora também os plantios de óleo de palma na destruição da floresta tropical.

O lucro vai para empresas nacionais e internacionais, que enriquecem mais um pouco ao custo de destruir as perspectivas de um futuro digno para as próximas gerações. Se conseguimos preservar a Amazônia será um teste decisivo para sabermos, se ainda temos alguma chance de salvar as bases de vida nesse planeta.

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