COP24: das negociações à ação

Nos dias entre 2 a 14 de dezembro, os líderes dos governos estão se reunindo em Katowice, Polônia, para a cúpula climática COP24. Ha quase 3 anos, o presidente da COP 21, Laurent Fabius, finalizou o acordo sobre a histórica Convenção de Paris com de delegados de 196 estados.

Mas depois do último relatório do IPCC ficou claro, que todos os países do mundo precisam tomar medidas mais drásticas, com metas mais altas até 2020. Para se manter abaixo de 1,5 ° C, conforme o relatório ainda temos 12 anos para freiar o processo das mudanças climáticas.

Você pode acreditar que o clima está mudando ou não, de fato o planeta está nos seus limites pela destruição dos ecossistemas e das condições de vida. Florestas são desmatadas e queimadas, os oceanos estão cheios de plástico, a terra e a água estão contaminados. A extinção de espécies, tanto de mamíferos como de insetos, está acelerada.

Quais são os objetivos da COP24?

A COP24 dá aos governos a chance de mostrar que estão dispostos a colocar o Acordo de Paris em prática. Os países concordaram em aumentar suas promessas climáticas ao longo do tempo por meio de ciclos de revisão de cinco anos. O primeiro processo de revisão, chamado Diálogo Talanoa, é concluído na COP24. Seu resultado deve ser uma decisão coletiva para revisar todas as promessas até 2020, e 130 países já expressaram seu apoio a isso.

Em segundo lugar, a COP24 é o prazo para a adoção de regras sobre como o Acordo de Paris será implementado. Os governos devem concordar com regras claras e abrangentes que garantam transparência e prestação de contas suficientes, para que os países tomem medidas adequadas e mensuráveis para reduzir as emissões. As regras devem ser comuns a todos os países, mas também oferecem capacitação e flexibilidade para os países que ainda não são capazes de cumprir todos os requisitos.

Terceiro, na COP24, os países desenvolvidos precisam fornecer apoio financeiro previsível e significativo para permitir que os países em desenvolvimento lidem com as mudanças climáticas.

Manifestações enfrente da chancelaria e do parlamento em Berlim, Alemanha, Fotos: Angela Küster

O que define o tom para as negociações deste ano?

Todos os resultados desta COP24 serão medidos nas expectativas estabelecidas pelo marco do relatório especial do IPCC sobre o aquecimento global de 1.5 ° C, lançado em outubro. Cientistas do clima mundial mostraram que os impactos do aquecimento global chegaram mais cedo e atingiram mais do que o previsto. Para ficar abaixo de 1,5 ° C, precisamos diminuir as emissões o mais rápido possível. A ONU Environment acaba de divulgar um relatório afirmando que os países devem aumentar sua ambição cinco vezes para atingir a meta de 1,5 ° C.

Os governos da COP24 precisarão provar que levam as descobertas científicas a sério e se comprometem a aumentar as atuais promessas climáticas até 2020, pois atualmente mantêm o aquecimento global na faixa dos 3 ° C, na melhor das hipóteses, muito acima dos objetivos de Paris. A ciência também deve aumentar a pressão para concluir as negociações de regras e garantir o financiamento.

O livro de regras torna o processo lento

O tamanho do texto do livro de regras, que está sendo elaborado pelos delegados, é uma das razões pelas quais as negociações são tão insuportavelmente lentas. Outra é que um equilíbrio deve ser assegurado, quer dizer todos os pontos no programa de trabalho devem ser “similarmente maduros”. Em geral, a questão da simultaneidade está no centro do desacordo político entre países industrializados e em desenvolvimento. Os países industrializados estão exigindo mais tempo de negociação para problemas mais complexos, enquanto os países em desenvolvimento pressionam pelo mesmo prazo para todas as questões. A falta de equilíbrio atualmente percebida põe em perigo a adoção do livro de regras em Katowice.

 

Clara coloca também, que “o uso intensivo da terra para a agricultura pode ser reduzido, ajustando o consumo as recomendações de dietas saudáveis, como as indicadas pela Organização Mundial de Saúde. Limitar o consumo de carne, lacticínios, e ingestão total de calorias a níveis saudaveis (…) reduz significativamente as emissões e liberta terras cultivaveis tanto para a mudança do sistema alimentar como para a sua restauração.”

veja o resumem

Demandas da sociedade civil

Enquanto isso, a sociedade civil organizou vários protestos ao redor do mundo, nas quais milhares de pessoas exigem a saída definitiva do uso do carvão como combustível, uma estratégia de mudança estrutural da matriz energética com a promoção da energia renovável e democracia energética, medidas para aumentar a eficiência energética e melhorar a qualidade do ar, bem como uma declaração ambiciosa sobre a redução das emissões de gases com efeito de estufa. Na Alemanha, os protestos aumentaram esse ano, com ocupações nas minas de carvão e manifestações em frente da sede da chanceler Angela Merkel.

As medidas necessárias para salvar o planeta

O relatório “Os Caminhos que faltam para chegar a 1.5°C: O papel do sector da terra em ações climáticas ambiciosas”, publicado pela rede Clara – que inclui advogados, grupos de conservação, agroecologistas e outros representantes de movimentos sociais – uma semana depois do relatório do IPCC, mostra que uma política climática mais ambiciosa trata principalmente de proteção. Os direitos à terra, a restauração de ecossistemas florestais e sistemas alimentares mais sustentáveis podem ajudar a limitar o aquecimento global a 1,5 ° C, reduzindo as emissões globais de gases de efeito estufa em 23 gigatoneladas por ano até 2050. Isso tornaria as tecnologias de geoengenharia completamente supérfluas.

Mas outro fator importante – a redução da produção de animais em massa – ainda não entrou na pauta da COP. A agropecuária é a maior emissora de gases de efeito estufa, entre muitos outros problemas ambientais e sociais.  E nem se discute a agroecologia, que tem uma contribuição fundamental para dar.

Enquanto continuam as negociações entre os governos fica cada vez mais claro, que não dá mais para esperar pelos governantes diante as ameaças da extinção. As medidas têm que ser tomadas pela sociedade e por cada pessoa, e podem iniciar com sua opção de consumir menos carne e de se levantar para se juntar aos protestos e ações, ou iniciar algúma na sua cidade.

Um grupo menor se manifesta pelo fim da criação de animais em massa, uma das maiores causas das mudanças climáticas,

 

Share This