16 de outubro é o dia mundial da alimentação e a organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) lançou a campanha “Um mundo #fomezero para 2030 é possível” para sensibilizar sobre a importância de ações do combate à fome.

Segundo os cálculos da FAO, a fome no mundo diminui para 820 milhões de pessoas em situação de desnutrição crônica, enquanto 672 milhões de pessoas sofrem de obesidade e 1,3 bilhão de indivíduos estão acima do peso. Quer dizer que hoje é, mas provável sofrer com alguma doença crônica por causa do sobrepeso do que ser subnutrido.

Causas da fome

A FAO prevê a necessidade de um aumento de uns 50% da produção mundial para, em 2050 poder alimentar a população estimada em 9 bilhões. Ao mesmo tempo algúns governos iniciaram campanhas contra o desperdicio, estimado em 30% dos alimentos, que são jogados fora no campo, na distribuição e na venda, e pelo consumidor final.

Outro fator menos mencionado é que 24% dos grãos produzidos munidialmente, e 90% da soja, são destinados para a ração animal, ocupando quase 70% das terras cultiváveis. Estamos alimentando 56 bilhões de animais para produzir cada ano 308 milhões de toneladas de carne, sem contar com os peixes.

Também a transformação de alimentos em agrocombustiveis é antiética e imoral frente ao sofrimento de milhões de famintos. Além de ocupar terras e desgastar o solo e água com as monoculturas, o biodiesel elevou o preço dos alimentos. Os preços também foram elevados com a especulação com alimentos no mercado financeiro internacional, provocando graves crises de fome e revoltas.

Mesmo se tivesse comida suficiente não seria garantido o acesso aos alimentos, já que 2 bilhões de pessoas vivem com 2 U$ dólares por dia, o que não é suficiente para uma alimentação adequada.

Os donos sobre as terras e vidas

As estruturas no campo e a distribuição de terras vem de longa data, desde que a terra foi privatizada na Inglaterra medieval, o campo virou capital para a produção de materia prima para as fábricas, iniciando com ovelhas para a crescente indústria textil. Hoje, a terra e seus produtos continuam ser capitalizados nas mãos de poucos.

Especialmente no Brasil, onde nunca foi realizada uma reforma agrária de verdade, encontrando a forte resistência dos donos das terras. São políticos e empresários que vivem nas cidades, e não se preocupam com o destino da terra nem dos seus habitantes. Sem entender nada de agricultura ocupam o campo utilizando tecnologias importadas, que as grandes multinacionais vendem, cultivam suas sementes com fertilizantes e agrotóxicos, que vem juntos no pacote, e passam com máquinas e aviões por cima das vastas terras, que se perdem no horizonte.

As fronteiras agrícolas avançam sobre os últimos ecossistemas ainda intactos, os povos campesinos e indigenas que os habitam são expulsos e assasinatos.

No final, a fome é a falta de democracia, como declara Francis Moore Lappé. Aonde os povos não tem seu direito assegurado, são agredidos e dizimados, não existe um processo democrático e diálogo. Nesses confrontos se mostra a face totalitária do sistema capitalista, que passa o poder aos que tem dinheiro.

A fome rouba às pessoas o poder mais básico, de proteger a nós mesmos e aos que amamos. A verdade simples é, como conclui Francis Moore Lappé em “Dieta para um planeta pequeno” (1971), que a causa da fome não é a escassez de alimentos, se não a escassez de democracia. E logo chega à pergunta:

Como sería uma democracia que permite aos cidadãos ter uma voz real na obtenção de elementos essenciales para a vida? ¿Existe em alguma parte? ¿É possível ou um sonho inalcanzável?

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