Temos o prazer de apresentar a plataforma agroecoculturas, um espaço virtual para viabilizar processos de aprendizagem pessoal e coletivo rumo à utopia de um mundo melhor, no qual todas as pessoas têm acesso à água, alimentos saudáveis e à terra.
Aqui vamos contar a história porque estamos abrindo esse espaço, porque a agroecologia tem um papel importante nos processos de transformação e ao final vamos fazer uma proposta e um convite para você.
A história por trás da plataforma agroecoculturas
Eu, Angela Küster, quero aproveitar esse momento para falar sobre os motivos que me levaram a criar esse espaço virtual para agentes da transição agroecológica. Minha caminhada me levou até aqui na procura de soluções para garantir a sustentabilidade ecológica, social, e econômica e por algum tempo o desenvolvimento sustentável parecia uma estratégia prometedora de preservar a natureza e construir uma sociedade mais justa e uma economia solidária.
Aprofundei meus estudos sobre a relação entre Democracia e Sustentabilidade, entendendo que são inseparáveis, mas que a democracia representativa precisa evoluir para atender melhor às demandas e construir uma sociedade orientada na lógica dos ecossistemas, dos quais fazemos parte.
Comecei a trabalhar com metodologias participativas na formação política, como a Oficina do Futuro, Agenda 21 e outras tantas, que foram boas para debater possíveis estratégias e conseguimos avançar com pequenos passos, mas ainda enfrentamos grandes obstáculos na transição interna e externa.
Iniciei a jornada no Brasil estudando as experiências com o desenvolvimento sustentável no Ceará e coordenei projetos para o desenvolvimento sustentável do Norte e Nordeste, pela Fundação alemã Konrad Adenauer. Iniciamos uma série de seminários regionais no Ceará sobre agroecologia e sistemas agroflorestais.
Em parceria com o Serviço Alemão de Cooperação DED, num projeto com a Feira Internacional de Orgânicos Biofach, realizamos um levantamento sobre a situação da agricultura familiar em transição agroecológica em alguns estados do Norte e Nordeste, dois seminários regionais sobre Agricultura Familiar, Agroecologia e Mercados e uma publicação com contribuições de diferentes parceiros.
Surgiu a oportunidade de um edital da Comunidade Europeia e, baseado nos dados levantados elaboramos um projeto, que coordenamos de 2006-2011, trabalhando em três territórios rurais no Ceará. Em outro lugar vou falar mais dessa experiência, que encerramos com a realização do VII Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA) final de 2011 em Fortaleza.
Nos últimos anos me dediquei à pesquisa sobre processos de transições agroecológicas dos sistemas agroalimentares, com uma estadia de pós-doutorado na Universidade de Valencia, Espanha, no programa de desenvolvimento local e territorial, apoiada por uma bolsa da CAPES. Me envolvi com grupos de consumo e aprendi muito dos movimentos para a soberania alimentar, que reúne redes globais e locais na luta por um mundo melhor.
O maior movimento social da história humana
Os movimentos de redes que conectam o local com o global são uma nova realidade, pesquisadores como Manuel Castesll já confirmam que vivemos na sociedade de redes e o empresário e ativista Paul Hawken o descreve no seu livro Blessed Unrest “o movimento com nenhum nome – “The Movement With No Name “ – como o maior movimento social da história humana. Ele estima que entre grupos comunitários de base e organizações não governamentais para justiça social, direitos indígenas e sanidade ambiental, somos dois milhões (em 2007).
Esse número cresceu nos últimos oito anos de forma exponencial, e continua crescendo a cada dia.
Sem dúvida estamos vivendo numa época decisiva para o futuro não só das próximas gerações, o que está em jogo é a civilização humana. Estamos passando por uma grande transformação em todas as dimensões da vida e a agroecologia tem um papel central na transformação do sistema globalizado da indústria agroquímica, que ameaça a segurança e soberania alimentar e nutricional dos povos e a base da vida no planeta – solos, água e sementes.
Já sabemos dos problemas e das soluções, está na hora de dar mais visibilidade aos movimentos da mudança sistêmica na produção e distribuição de alimentos.
Por certo somos milhares de pessoas no Brasil, que trabalham na transição agroecológica, lutam por justiça social e ambiental, criam empreendimentos solidários e se engajam politicamente para melhorar a qualidade de vida para as famílias agricultoras e garantir a soberania alimentar nos territórios rurais e urbanos.
As pessoas estão preocupadas com a qualidade dos alimentos, já se sabe bastante bem que a comida industrializada é desastrosa para nossa saúde tanto como para a saúde do planeta. Estamos cada vez mais conectados, as ferramentas das redes sociais se ampliaram e o acesso é cada vez mais fácil.
Hoje você pode divulgar suas ideias e fazer parte da transformação, tudo é possível.
A proposta e o convite
Quando realizamos o VII CBA percebemos a inquietude dos participantes pela busca de conhecimentos e informações, pela troca de experiências, como também de encontrar pessoas engajadas nesse movimento.
Assim nasceu a ideia de colocar uma plataforma a serviço de todos aqueles que se sentem agentes da transição agroecológica, além de envolver também outras pessoas que se preocupam com a alimentação e querem apoiar uma agricultura mais justa e sustentável.
A proposta inicial é disponibilizar o aprendizado e os documentos que juntamos durante os últimos anos e acompanhar você no processo de transição pelo qual estamos passando. Esse processo envolve tanto a sua transição pessoal como as mudanças no estilo de vida e na alimentação, nas formas de trabalhar e na grande transição das organizações e dos sistemas agroalimentares para promover agroecoculturas.
Se voce quer se alimentar melhor e cuidar da sua saúde e do planeta, plantar algum alimento na sua casa, iniciar algum projeto, transformar sua propriedade, aqui ofereceremos orientações para colocar suas ideias em prática.
Se sua vocação é ser um agente de transição agroecológica e está estudando, pesquisando, trabalhando na extensão rural ou é liderança na sua comunidade, está aqui o convite de entrar em contato e cocriar esse espaço com a gente. O espaço está disponível para divulgar seus trabalhos científicos, projetos e iniciativas, a agenda de eventos da sua organização e outros comunicados. A sua contribuição é importante para conseguirmos contribuir para o crescimento desse movimento e conquistar a soberania alimentar.
Então, se você leu até aqui acho que consegui despertar seu interesse pela proposta. Acredito que chegou o momento da gente se juntar e mudar a historia. O melhor momento é agora!
Um grande abraço e até breve!
PS: Se tiver perguntas e/ou comentários, coloque aqui embaixo no formulário ou envie uma mensagem para nosso e-mail de contato.
Esperamos as suas contribuições, queremos aprender e melhorar cada vez mais.
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