Ambientalistas e ativistas políticos podem ainda comer carne?
O veganismo é hoje um movimento crucial para salvar a civilização humana.
O último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da 12 anos para diminuirmos o consumo de produtos animais em 90%, colocando finalmente a agropecuária como um dos setores que contribuem em 15 a 30% para o aumento das temperaturas.
Segundo o IPCC já estamos perto de atingir até 2050 o limite de aumento de 1,5 ou mesmo de 2 graus na temperatura terrestre, o limite definido no Acordo de Paris (2015), que foi assinado por quase todas as nações.
Já o aquecimento global de atualmente 1°C está provocando mais tempestades, secas, a elevação do nível do mar e a diminuição do gelo do mar Ártico. É uma ameaça para a segurança alimentar, a biodiversidade e os corais.
O marco do Acordo de Paris adotado em dezembro de 2015 na 21ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) é de 2°C acima dos níveis pré-industriais e exige ações coletivas sem precedentes em todas as áreas, especialmente em setores-chave.
As contribuições da agropecuária nas emissões de gases
Em todos os setores cruciais como terra, energia, indústria, edifícios, transportes e cidades, a agricultura tem altas contribuições para a emissão de gases. No transporte e na refrigeração, no manejo dos solos e no desmatamento, e na produção de fertilizantes e de agrotóxicos, são emitidos gases provenientes do uso de combustíveis fósseis. Sem falar de estufas e embalagens de plástico a base de petróleo, que acabam nos oceanos, outro problema provocado em grande parte pela agroindústria.
Por tanto, é especialmente o setor agropecuário, que responde por 70% das emissões brasileiras, e por 25% a 33% das emissões globais. Segundo cálculos da FAO, a agropecuária contribui entre 13 e 18% para a emissão de gases de efeito estufa, isto é, mais do que todos os veículos do mundo estão emitindo. A pecuária é responsável por 10% de CO2, 37% de metano (23 vezes mais potente que o CO2 como gás de efeito estufa), 65% de nitrato (296 mais potente que o CO2) e 64% de amônio, o que contribui para chuva ácida.
Os especialistas alertam que o consumo de carne deve ser reduzido em 90% até 2050, mas a produção mundial de carnes bovina, suína e de aves está crescendo, de 44 milhões de toneladas em 1950 para 626 milhões de toneladas em 2017.
Isso também significa o desmatamento para abrir novas áreas de plantio, o uso de mais agrotóxicos e fertilizantes, o uso de água e sua contaminação, como também o desgaste dos solos. Ecologicamente o consumo de carne é insustentável.
Além das questões ambientais, o consumo de carne é também uma questão social e humanitária. A agropecuária precisa de 70% das terras cultiváveis para produzir alimentos para os rebanhos, 70% dos grãos produzidos são utilizados para alimentar 56 bilhões de animais, que são sacrificados a cada ano. Enquanto isso, ainda são quase 1 bilhão de pessoas, que passam fome, 7.000 crianças menores de cinco anos morrem de causas relacionadas à desnutrição, cinco a cada minuto.
No entanto, nem todos os ambientalistas e ativistas políticos – ou, como Jorge Riechmann coloca no caso dos socialistas do século XXI – optam por uma dieta vegetariana, enquanto “devem estar cientes de que apenas dietas com uma pequena fração do conteúdo de carne, peixes e produtos da agropecuária industrial do que hoje é considerado “normal” são coerentes com o resto de suas ideias de emancipação humana “(2012: 48).
A agropecuária é uma questão, que coloca a civilização humana em cheque, e não teremos paz – nem futuro – enquanto maltratamos tantos seres vivos no planeta, somente para nosso prazer, porque não é uma necessidade. Vivemos melhor, com mais saúde e num ambiente bem mais saudável se nos alimentamos a base de plantas, das quais existe uma enorme quantidade com todos os nutrientes que precisamos.
Está na hora de fazer política com pratos e talheres e optar por alimentos vivos, naturais, orgânicos, provenientes da agricultura familiar!
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